As noites e os dias sucedem-se como sempre, sem interrupção e sem qualquer mudança.
- E porque não deveria ser assim?
- Porque ‘tou triste, triste.
- Porque não tentas alegrar-te, em vez de repetires a tua tristeza. Não sabes que assim a interiorizas ainda mais, em vez de a substituíres por alguma emoção melhor?
- ‘Atão não sei! Mas… e conseguir isso? Não é fácil, não…
- Ninguém falou nunca que era fácil, antes pelo contrário. A questão é querer, desejar, que essa tristeza passe. E já agora, estás triste porquê, pode saber-se?
- Porque não consigo ser nada do jeito que quero. Não consigo ser melhor, ser amável com os outros e porque gostaria – ah! gostaria muito mesmo! – de sentir essa paz que falas.
- Essa paz tem dias que vem, tem outros que não está e outros ainda que está simplesmente em nós.
- Qual é o segredo?
- Não é nenhum. É como a luz que é branca de origem e nós podemos ver todas as colorações possíveis, em qualquer dia e a qualquer hora. No entanto, tudo pode ser útil, se não cairmos das experiências abaixo e nos soubermos erguer com mais humildade, integridade e fraternidade que antes.
- Então tudo pode ser considerado exames a passar?
- No meio dos problemas, ou situações, não é fácil lembrarmo-nos disso, mas assim que possível, deveríamos conseguir clarear o pensamento e tomar a situação como algo útil para a caracterização da nossa ética, ou seja, da nossa identidade em nós.
- E tornamo-nos melhores?
- Infelizmente, nem sempre. Mas a ideia é precisamente educarmo-nos com tudo o que nos acontece, como se a vida fosse um curso com exames e tudo.