Estou a viver esta vida a cem à hora
hibernado no passado, respiro agora
eras diferentes vividas num momento
preso ao que não tive, apenas memória
a um amor fantasma, triste, sem glória
fantasias nocturnas, ilusões ao relento
Noites perdidas com discursos calados
tanto alma como coração, danificados
gigantesca é esta cicatriz no meu peito
o tempo tudo cura?!! Não senti nada!
A esta ferida purulenta ainda infectada
nenhum antídoto consegue fazer efeito
Grande enfermidade esta que me afecta
virulenta doença que minh'alma infecta
fui corrompido pela maior da moléstias
o tempo tarda em ser médico de serviço
e assim continuo neste estado enfermiço
e de cura, nem há esperança nem réstias
Ó destino traidor, que amor tu me deste
doença mais mortal que a própria peste
que te fiz eu para merecer esta traição?
Acaso serei digno de carregar esta cruz
viver nas trevas, do amor sorver a pus
e ver embalsamares este pobre coração?