Escondo as emoções por fora, mas não escondo os sentimentos por dentro. Eu, que nasci só, continuo só e morrerei só, nunca fui feliz, e já nem a isso ambiciono, sendo as ambições meras ilusões de desejada felicidade. Se não te dissesse que te queria tu nunca o saberias, e eu nunca teria ambicionado a ser feliz. Mas disse-te, mas ambicionei, e agora no meu peito trago uma negra pedra dura que me pesa na alma como toneladas de solidão. Mas eu apenas ambiciono a não ter ambicões e continuo o meu viver com tal indeferença que já nem tédio sinto, nem tristeza, nada. Um dia, talvez eu tenha filhos, um dia, talvez, enquanto olhamos a mesma lua, eu ambicione que a olhemos juntos...
A estas convicções que são minhas
torces o nariz, dizes que não gostas
sem explicação viras-me as costas
afirmas que tortas são estas linhas
Ao meu modo de vida chamas abuso
exiges radical mudança de atitude
e, quem sabe, aí a tua opinião mude
a essa chantagem me nego e recuso
Cada um faz da vida o que lhe apraz
desde que não prejudique ninguém
não existem razões para afastamento
Se conviver comigo tu não és capaz
e por divergências me tens desdém
só posso dizer uma coisa: Lamento!
Saber livreiro quer dizer conhecimentos baseados nos livros, mas hoje, com o desenvolvimento da Internet, esse conhecimento pode ser ampliado milhares de vezes e ao alcance de um clic.
Às vezes, creio que só às vezes, a vida sabe a beijos deixados roubar. E nada mais existe de bom senão isto. Mas, tal como a vida, o beijo termina, e durante existe a angustia de o saber mortal.
Ah!, se eu tivesse alguém a quem os roubar, eu seria feliz, às vezes...
Este meu rosto queimado p'la vida
com as rugas que o tempo me deu
já foi lácteo, entretanto escureceu
com conta, peso e alguma medida
Este meu corpo cheio de cicatrizes
vergado ao sabor de mil amarguras
combateu o destino e suas agruras
e também viveu momentos felizes
Hoje sou como sou, por culpa minha
sou apenas resultado do que vivi
ninguém me exigiu este desfecho
Tracei o meu caminho nesta linha
neste percurso, eu assim me defini
razão pela qual jamais me queixo
O céu luminoso do dia e radioso pelo Sol que brilha. O céu escuro está rendilhado de branco dos astros iluminados pelo mesmo Sol que até a Lua ilumina sem ninguém ver.
- Ora! E nós, quantas vezes pensamos algo que, bem vistas as coisas, não é mais que ledo engano…
- E que só mais tarde, por vezes demasiado tarde, verificamos não ser nada semelhante ao que pensámos e que decidimos em conformidade.
- Então que fazer? Deixamos de pensar e decidir em relação às coisas?
- Olha ali, parece uma chuva de luz, que poderia ser de estrelas ou cometas ou outrossim… Como saber, agora, o que é, sem os instrumentos necessários?
- Porque…?
- Porque a luz que hoje vemos mais não é que o reflexo de algo que já foi, já aconteceu há muitos e muitos anos antes. Hoje a realidade, naquele lugar, pode e deve ser completamente diferente do que nos aparece agora à vista desarmada.
- Porque…?
- Porque tem a ver com a velocidade e a propagação da luz no espaço até ser possível a sua visão da Terra a olho nu.
- Então…?
- Então tudo pode ser ilusão, neste momento, e poderemos mal ajuizar precisamente por essa aparência.
- Então…?
- Então podemos analisar os acontecimentos, formar os nossos ideais de ética, mas não devemos julgar nem culpar, mas ter pensamentos cristãos e, se for da nossa fé, pedir a Deus por essas vítimas de engano ou infortúnio conforme nos parecem ser.
- Tudo se passa como no céu que vemos?
- A Natureza pode ser nosso espelho e é nossa sobrevivência física e mental, se deixarmos.
Foram tantas as fôrmas que me são sinicamente presenteadas,
Sob os mais diversos disfarces e nomes,
Preparadas pelos alheios desejos, vontades e sonhos frustrados de vidas suspensas pelo comodismo justificado por um divinizado conformismo,
E que são ridiculamente impostas por acuações emocionais.
Fôrmas às quais deveria me submeter para que as minhas formas atendam os movimentos, os resultados, os passos e os comportamentos formulados por expectativas que guiam planos de vida traçados e postos em execução sem minhas concessões,
Que desconsideram, inclusive, as minhas vontades, minhas loucuras, minhas manhas, minhas frescuras.
Formas assumi das fôrmas que entrei, porque quis; também as rejeitei e a elas retornei, porque sim!
Não me trato de uma metamorfose, ou de uma rebeldia desvairada contra vida; ao contrário, apenas de uma apaixonada loucura pela vida, como eu quiser.
A cada passo faço meu caminho, guiado apenas pelas minhas vontades, que desalinham planetas, embaralham cartas, desorientam anjos e multiplicam números.
Sou a mancha que encarde a melhor das camisas,
Sou a rasura que incomoda no canto da página,
Sou a pequena nuvem grossa no céu azul de uma quente tarde de domingo,
Sou errante, inesperado, inconveniente; livre para mim e feliz de mim.
Àquelas fôrmas, deixo minha arrogância;
Aos seus proponentes, o meu sarcasmo;
Aos enformados, os meus pêsames.