Quinta-feira, 03.02.11

Há muito tenho estado ausente daqui. São muitas coisas durante nossos dias que dificultam o alinhamento e comprometimento. Até mesmo meu blog pessoal está sofrendo com isso, mas tenho tentado e logo as coisas ficarão melhores. Assim, deixo aqui um texto já publicado em meu blog, como sinal de minha "ausente presença" por aqui.

Grande abraço a todos!

 

*           *          *

 

Meu amor tem os mais amáveis, desejáveis e inexplicáveis sorrisos, únicos em suas formas e nos seus doarem-se; suficientes para contestar-me a existência e colocar-me no mais alto e sagrado dos altares.

Meu amor apresenta-se em um existir que flutua magicamente pelo meu mundo e que entranha-se pelos cômodos da minha existência, pulverizando-se em inesquecíveis e inexplicáveis aromas por todo meu todo, tocando cada canto escuro meu, pondo-me a contestar o meu próprio ininteligível e inexplicável ser.

Meu amor me lança um misterioso e desejável olhar que me suplica e me condena. Olhar este que me atravessa pelas mais espessas e rijas defesas e vê, em mim, aquilo que nunca nem eu soube ou saberei.

Meu amor ouve de mim os mais secretos suspiros, aqueles que à ninguém dou o merecimento e dignidade de notar, para, simplesmente, a minha integridade e essência manter, e disso se beneficia a me conhecer, para a mim sentir e julgar.

Meu amor canta sua doçura para que a mim possa se permear, cada vez mais e as feridas todas conhecer, e nelas tocar quando se irritar ou diminuído me quiser; delas limpa o sangue, sem as cicatrizar, para que delas possa, um dia ou momento, se valer quando convir ou, simplesmente, se fazer presente e cúmplice a mim.

Meu amor conhece os meus cheiros e todas suas razões para que a mim possa governar em sua vontade e a mim possa acolher em seu desejar secreto e, acima de tudo, fazer-se parte de meu existir.

Meu amor saboreia-me como um fruto maduro, prestes a desprender-se de seu caule e ao chão dedicar-se sua podridão, de forma que neste momento possa se mostrar presente feito medicina garantida à eternidade de nossa existência, por seus lábios sedutores e aniquiladores daquilo que tanto lutei para ser – sem ao menos saber se a pena valeria.

Meu amor é cruel e destemido em seu querer para si, e de mim tira todas as forças para sigo próprio, sem questionar ou relevar as dores que a mim se apresentam por todo o meu dia.

Meu amor tem dúvidas de si para comigo, para consigo, por mim e para conosco, as quais planto sem ciência e desejo, mas das quais tento resolver para que a mim se apegue, por confiança e merecimento, o meu amor.

Meu amor é único e querido a mais que mim mesmo, mas ainda não sabe – e nunca saberá, pois nunca conseguirei dizer – o quanto caminhei e lutei, nem quanto me quebrei e me acabei para encontrá-lo; menos ainda sabe que isso nada significa diante ao tudo que posso – e sei que preciso – fazer para mantê-lo assim, amor meu!

 

 

 

Por Rafael Castellar das Neves


tags:

publicado por Rafael Castellar das Neves às 14:26 | link do post | comentar

Segunda-feira, 14.06.10

Atingido fatalmente pelo raio do trovão

chamuscou-se o músculo do meu peito

como marca dos deuses num seu eleito

por crimes atrozes sem direito a perdão

 

Mortal fiquei e com mancha no coração

à vontade dos divos eternamente sujeito

afinal, eu fiz a cama onde hoje me deito

e o que vivo, do que fiz, é vil retaliação

 

Conheço todos os pecados que perpetrei

distingo bem todas as falhas que obrei

de todos, sou o primeiro em penitência

 

A razão de cada pecado apenas eu a sei

amargo foi o sabor que de todos provei

afinal cada acto tem a sua consequência


tags:

publicado por manu às 00:00 | link do post | comentar

Sábado, 05.06.10

Amor é fogo que arde sem se ver

há muito tempo que eu oiço dizer

e ainda não sei se hei-de acreditar

o fogo queima, sinto o corpo arder

é dor que sinto, nada disto é prazer

por amor ninguém merece queimar

 

Amor é fogo que arde sem se ver

mas eu vejo o meu coração arder

e a minha alma está a acompanhar

esta dor estou decidido a combater

não vejo quem me possa socorrer

e este incêndio consiga apaziguar


tags:

publicado por manu às 23:59 | link do post | comentar | ver comentários (3)

Quarta-feira, 12.05.10

Estou a viver esta vida a cem à hora

hibernado no passado, respiro agora

eras diferentes vividas num momento

preso ao que não tive, apenas memória

a um amor fantasma, triste, sem glória

fantasias nocturnas, ilusões ao relento

 

Noites perdidas com discursos calados

tanto alma como coração, danificados

gigantesca é esta cicatriz no meu peito

o tempo tudo cura?!! Não senti nada!

A esta ferida purulenta ainda infectada

nenhum antídoto consegue fazer efeito

 

Grande enfermidade esta que me afecta

virulenta doença que minh'alma infecta

fui corrompido pela maior da moléstias

o tempo tarda em ser médico de serviço

e assim continuo neste estado enfermiço

e de cura, nem há esperança nem réstias

 

Ó destino traidor, que amor tu me deste

doença mais mortal que a própria peste

que te fiz eu para merecer esta traição?

Acaso serei digno de carregar esta cruz

viver nas trevas, do amor sorver a pus

e ver embalsamares este pobre coração? 


tags:

publicado por manu às 16:00 | link do post | comentar | ver comentários (1)

Quarta-feira, 14.04.10

Existe um túnel e no fim há uma luz

é a esperança que até lá nos conduz

e cegos, caminhamos passo a passo

olhos vendados, na cabeça um capuz

aceitamos este jogo porque nos seduz

e jogamos animados, sem embaraço

 

Arrebatados por esta cegueira global

pensamos estar a agir de modo natural

cada um de nós é parte deste rebanho

damos uso ao nosso instinto animal?!

Na tentativa de atingir apenas o frugal

e gigantes são as proezas sem tamanho

 

Quando abrimos os olhos lamentamos

termos chegado ao lugar onde estamos

arrependidos pelo caminho percorrido

então em desespero só nos queixamos

e com os braços cruzados continuamos

a dar passos em frente no mesmo sentido

 


tags:

publicado por manu às 09:11 | link do post | comentar

Sexta-feira, 01.01.10

Início de ano, novas intenções

depois do balanço, projecções

ano para novas metas alcançar

mãos à obra que já se faz tarde

enquanto o estimulo 'inda arde

para o entusiasmo não s'apagar

 

Entremos desde logo em acção

lapiseiras em riste e inspiração

libertem esses génios criadores

vamos dar poemas ao ano novo

emitir na poesia a voz do povo

sendo escrutinados p'los leitores

 

Façamos odes aos sentimentos

alegremos p'los padecimentos

pintemos com letras as alegrias

criemos mundos da nossa lavra

dando uma vida a cada palavra

exultemos pelas nossas poesias

  


tags:

publicado por manu às 22:06 | link do post | comentar | ver comentários (3)

Terça-feira, 08.12.09

Dizemos, amiúde, que somos seres pensantes

mas creio que pensamos menos do que antes

já são poucos os momentos de auto reflexão

damos nulo valor a temas mais importantes

embrenhamo-nos em conteúdos irrelevantes

consumimos ideais por interposta imposição

 

Onde estão as características diferenciadoras

que nos reputam como criaturas pensadoras

e nos distinguem dos restantes seres animais

onde ficaram as particularidades reveladoras

talvez retidas na sombra de ideias inibidoras

e de pensar não seremos capazes nunca mais

 


tags:

publicado por manu às 13:33 | link do post | comentar | ver comentários (4)

Domingo, 15.11.09

A estas convicções que são minhas

torces o nariz, dizes que não gostas

sem explicação viras-me as costas

afirmas que tortas são estas linhas

 

Ao meu modo de vida chamas abuso

exiges radical mudança de atitude

e, quem sabe, aí a tua opinião mude

a essa chantagem me nego e recuso

 

Cada um faz da vida o que lhe apraz

desde que não prejudique ninguém

não existem razões para afastamento

 

Se conviver comigo tu não és capaz

e por divergências me tens desdém

só posso dizer uma coisa: Lamento!

 


tags:

publicado por manu às 16:00 | link do post | comentar | ver comentários (8)

Sábado, 07.11.09

Este meu rosto queimado p'la vida

com as rugas que o tempo me deu

já foi lácteo, entretanto escureceu

com conta, peso e alguma medida

 

Este meu corpo cheio de cicatrizes

vergado ao sabor de mil amarguras

combateu o destino e suas agruras

e também viveu momentos felizes

 

Hoje sou como sou, por culpa minha

sou apenas resultado do que vivi

ninguém me exigiu este desfecho

 

Tracei o meu caminho nesta linha

neste percurso, eu assim me defini

razão pela qual jamais me queixo


tags:

publicado por manu às 18:29 | link do post | comentar | ver comentários (8)

Sexta-feira, 06.11.09

Foram tantas as fôrmas que me são sinicamente presenteadas,

Sob os mais diversos disfarces e nomes,

Preparadas pelos alheios desejos, vontades e sonhos frustrados de vidas suspensas pelo comodismo justificado por um divinizado conformismo,

E que são ridiculamente impostas por acuações emocionais.

 

Fôrmas às quais deveria me submeter para que as minhas formas atendam os movimentos, os resultados, os passos e os comportamentos formulados por expectativas que guiam planos de vida traçados e postos em execução sem minhas concessões,

Que desconsideram, inclusive, as minhas vontades, minhas loucuras, minhas manhas, minhas frescuras.

 

Formas assumi das fôrmas que entrei, porque quis; também as rejeitei e a elas retornei, porque sim!

Não me trato de uma metamorfose, ou de uma rebeldia desvairada contra vida; ao contrário, apenas de uma apaixonada loucura pela vida, como eu quiser.

A cada passo faço meu caminho, guiado apenas pelas minhas vontades, que desalinham planetas, embaralham cartas, desorientam anjos e multiplicam números.

 

Sou a mancha que encarde a melhor das camisas,

Sou a rasura que incomoda no canto da página,

Sou a pequena nuvem grossa no céu azul de uma quente tarde de domingo,

Sou errante, inesperado, inconveniente; livre para mim e feliz de mim.

 

Àquelas fôrmas, deixo minha arrogância;

Aos seus proponentes, o meu sarcasmo;

Aos enformados, os meus pêsames.

 


tags:

publicado por Rafael Castellar das Neves às 01:16 | link do post | comentar | ver comentários (6)

mais sobre mim
Fevereiro 2011
Dom
Seg
Ter
Qua
Qui
Sex
Sab

1
2
3
4
5

6
7
8
9
10
11
12

13
14
15
16
17
18
19

20
21
22
23
24
25
26

27
28


posts recentes

Meu Amor Meu

Pecado

Fogo que arde

Coração embalsamado

Lógica humana

Mãos à obra

Pensamentos

Divergências

O que sou hoje

Desenformado

arquivos

Fevereiro 2011

Junho 2010

Maio 2010

Abril 2010

Março 2010

Fevereiro 2010

Janeiro 2010

Dezembro 2009

Novembro 2009

Outubro 2009

tags

poesia

todas as tags

blogs SAPO
subscrever feeds